segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Vazio X Pixação

Foto: Aguinaldo Rocca

A 28ª Bienal de São Paulo já tinha criado certa polêmica antes mesmo de começar. Isso porque a curadoria da exposição decidiu que, esse ano, o segundo andar do prédio ficará vazio. De acordo com o portal G1, Ivo Mesquita, um dos curadores da mostra, disse que "a idéia é propor uma reflexão sobre o sistema das Bienais". Já para Ana Paula Cohen, outra curadora, é importante que o público observe as estruturas do edifício.

Até que ponto essas justificativas são "aceitáveis"? Isso parece-nos estranho, principalmente com uma mostra tão conceituada e importante como é a Bienal no cenário artístico do país. Está com cara de decadência. Essas idéias um tanto quanto insuficientes de tentar arrumar motivos para o fato não fazem tão bem para a imagem do evento. O problema é saber exatamente o que acontece. Sim, pois (novamente) numa mostra tão conceituada quanto a Bienal, é impossível que tenham faltado obras para ocupar o espaço. Imagino quantos artistas dariam tudo para que uma "obrinha" sequer deles estivesse exposta ao lado de um artista famoso. Ou então pelo simples fato de ter uma oportunidade de mostrar seu trabalho e, de repente, tornar-se mais visível nesse universo.


Dessa forma já podemos entender o porquê de, no primeiro dia da mostra, um grupo de pixadores terem invadido o segundo andar do edifício e "contribuído de forma artística" com suas palavras de protesto. Coisas como "Isso que é arte", "Abaixa a ditadura" e "Fora Serra"(sic) foram rabiscadas nas paredes. Do grupo de cerca de 40 pessoas que entraram para pixar, apenas uma menina de 23 anos foi detida. E ela disse: "É o protesto da arte secreta".

A Bienal deveria ter arrumado algo mais inspirado para fazer no segundo andar. Porque, com todo esse vazio, até o ato de "vandalismo" tornou-se mais artístico e emocionante.